Fonte: https://www.uol.com.br/vivabem/doencas-de-a-z/bruxismo-e-ciclico-e-pode-ser-controlado-com-placa-e-mudanca-de-habitos.htm

Boa parte das pessoas já teve a experiência de ouvir alguém rangendo os dentes enquanto dorme, o que é rapidamente identificado como bruxismo. Mas o som do atrito dos dentes não é a única característica desse movimento involuntário e inconsciente que acontece durante o sono.

Apertar e bater os dentes compõem o quadro, e podem se manifestar até fora do repouso noturno.

O bruxismo acomete homens e mulheres igualmente, é menos frequente entre os idosos, e pode ser observado já na infância. Ele é considerado o terceiro distúrbio do sono mais comum, perdendo apenas para o sonilóquio (falar enquanto dorme) e o ronco.

Quando aparece à noite, é chamado bruxismo do sono; quando ocorre durante o dia, é classificado como bruxismo em vigília.

Estima-se que a maioria dos indivíduos apresentará este tipo de comportamento em algum momento da vida, mas somente 5% delas desenvolverão a condição clínica.

Até o momento não existe cura para o bruxismo, mas os especialistas garantem: quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores serão as chances de controlá-lo e prevenir suas complicações.

O que é bruxismo?

Trata-se de uma atividade muscular parafuncional (não tem função alguma) e repetitiva da mandíbula, que tem como característica o apertar, ranger ou bater os dentes, o que pode ocorrer apoiando ou empurrando a mesma estrutura óssea.

Esse comportamento está listado na Classificação Internacional de Distúrbios do Sono (ICSD-R), e é o problema mais comum dos distúrbios do movimento durante o período de repouso, perdendo apenas para o solilóquio (falar dormindo) e o ronco.

Entenda como ele é classificado

O problema tem diversas classificações, e as mais importantes são o momento de sua manifestação e a sua origem. Confira:

– Momento da ocorrência (circadiano) Bruxismo do sono – apresenta-se durante o repouso noturno;

– Bruxismo em vigília – ocorre durante o dia.

Origem

– Bruxismo primário – é o bruxismo idiopático, ou seja, não se encontra causa aparente para o seu aparecimento;

– Bruxismo secundário – decorre de outras doenças como paralisia cerebral, coma etc., uso de determinados medicamentos ou drogas.

Por que isso acontece?

Até o momento, as causas do bruxismo não foram totalmente esclarecidas. Apesar disso, sabe-se que ele pode estar relacionado aos seguintes fatores:

– Estresse (principalmente o emocional);

– Genética (parece haver algum grau de hereditariedade: filhos de pais com bruxismo podem apresentam o mesmo comportamento em 21% a 50% dos casos);

– Uso de determinados medicamentos (agonistas e antagonistas da dopamina, antidepressivos tricíclicos, ISRS [Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina], álcool, cocaína, anfetamina);

– Dieta;

– Higiene do sono.

Além desses fatores, a literatura sobre o bruxismo indica possíveis associações com:

– Parkinson

– Toro mandibular (crescimento ósseo congênito)

– Distonia oromandibular

– Síndrome de Down

– Trauma

– DFA (Dor Facial Atípica)

Saiba reconhecer os sintomas

A manifestação mais comum do bruxismo é o ranger de dentes, que muitas vezes é notado pelo parceiro de quarto de quem tem o problema. Apesar disso, algumas pessoas podem apertar os dentes ou movimentar a mandíbula sem perceberem. Veja outros exemplos de possíveis sinais ou sintomas:

Dor temporomandibular

– Dor muscular (músculos mastigatórios ou cervicais)

– Dor de cabeça ao levantar pela manhã

– Hipersensibilidade dos dentes

– Mobilidade excessiva do dente

– Sonolência e cansaço decorrentes da baixa qualidade do sono

– Hiperatrofia do músculo masseter

– Redução do fluxo da saliva

– Dificuldade de abrir a boca

– Dentes quebrados

Quem precisa ficar atento?

O bruxismo acomete homens e mulheres igualmente, e é menos frequente entre os idosos, mas pode também ser observado na infância. Dados da ICSD-R mostram que de 85% a 90% das pessoas, em geral, rangem os dentes em algum momento da vida, mas somente 5% delas evoluem para condições clínicas.

Quando é hora de procurar ajuda especializada?

Nos casos em que o ranger de dentes é notado (por pais, responsáveis ou mesmo o parceiro de quarto), aconselha-se consultar um dentista especializado em DTM (disfunção temporomandibular) e dor orofacial para avaliação. “Contudo, o sinal de alerta para quem não apresenta esse tipo de manifestação é a dor. E ela pode estar acompanhada por prejuízos estruturais como a quebra ou a mobilidade do dente”, esclarece João Paulo Tanganeli, coordenador do curso de pós-graduação em DTM-Dor Orofacial da Universidade Nove de Julho e gestor de especialidades do CROSP.

Como é feito o diagnóstico?

Na hora da consulta, o dentista ouvirá a sua queixa, fará o levantamento de seu histórico de saúde e realizará o exame completo da boca e dos dentes para identificar os possíveis sinais e sintomas do bruxismo. Na maioria das vezes, o diagnóstico é clínico —porque se baseia nessas informações. Em algumas situações, o especialista pode solicitar um exame complementar, a polissonografia. O objetivo desse teste, que é feito enquanto o paciente dorme, é observar a gravidade do bruxismo e como a qualidade do sono pode estar envolvida no quadro.

Como é feito o tratamento?

O objetivo é eliminar os fatores desencadeadores ou de risco. Como o bruxismo, até o momento, não tem cura, a estratégia terapêutica se baseia em três medidas básicas: uso de placas estabilizadoras, mudança comportamental e instruções de higiene do sono. A explicação é de Saulo Cabral dos Santos, cirurgião dentista e professor do curso de odontologia da UFPE. Essas práticas visam controlar o problema e conter o seu agravamento. E os profissionais da saúde podem indicar medidas que envolvam cuidados multidisciplinares. Confira:

– Exercícios fisioterápicos

– Adoção de técnicas de relaxamento (ioga, por exemplo)

– Cuidado psicológico (psicoterapia, terapia cognitivo-comportamental, hipnose)

– Biofeedback (há até aplicativos gratuitos que ajudam a monitorar)

– Medicamentos (por curto período e em casos graves nos quais as medidas acima não trouxeram resultado).

A aplicação de botox (toxina botulínica) tem sido estudada para o tratamento do bruxismo, mas os seus efeitos ainda estão sendo observados pelos cientistas.

Colina Tech

01.06.2021